sábado, 3 de outubro de 2015

Eduardo Cunha: A esperteza, quando é muita, engole o dono.

É preciso fazer justiça a Eduardo Cunha: mais cedo ou mais tarde, o deputado acaba correspondendo aos que não têm nenhum motivo para acreditar nele. Há seis meses, esteve na CPI da Petrobras sem ser chamado. Foi prestar um “depoimento espontâneo”. Perguntaram-lhe se tinha conta na Suíça ou em paraísos fiscais. E foi por livre e espontânea vontade que Cunha respondeu:

Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu Imposto de Renda. E não recebi qualquer vantagem ilícita ou qualquer vantagem com relação a qualquer natureza vinda desse processo.

Hoje, submetido à mesma indagação, Cunha recomenda aos curiosos que procurem o seu advogado. Reage assim porque conhece as normas da Casa que dirige. Sabe que a mentira e a omissão de patrimônio constituem quebra de decoro parlamentar. Algo que pode levar à cassação do mandato.

Deve-se à Promotoria da Suíça o sumiço da valentia de Cunha. O deputado perdeu a língua depois que a Procuradoria-Geral da República confirmou ter recebido das autoridades suíças dados sobre contas secretas que têm o presidente da Câmara e familiares dele como beneficiários. São bem fornidas. Armazenam algo como US$ 5 milhões, já devidamente retidos.

Por muito menos, a Câmara passou na lâmina o mandato de André Vargas, hoje recolhido à carceragem de Curitiba, na ala da Lava Jato. Numa época em que ainda era o orgulho do PT e ocupava a vice-presidência da Câmara, Vargas embarcou num jatinho fretado pelo doleiro Alberto Youssef para uma viagem de férias com a família. Pilhado, subiu à tribuna para negar o inegável. E amargou uma cassação escorchante. Votaram ‘sim’ 359 dos presentes à sessão. Apenas um deputado disse ‘não’. Contabilizaram-se meia dúzia de abstenções.

Afora a relação atribulada que mantém com a verdade, Cunha notabiliza-se pela ostentação da esperteza. Na sua passagem pela CPI, o deputado despejou sobre os colegas a célebre versão segundo a qual a Procuradoria pegou no seu calcanhar sob influência do governo. “Querem transferir a crise do outro lado da rua para cá”, disse, referindo-se ao pedaço de asfalto que separa o Palácio do Planalto do Congresso Nacional.

Antes da revelação sobre as contas na Suíça, já era difícil engolir a teoria conspiratória de Cunha. Para digerí-la, era necessário supor que participavam do complô: o procurador-geral da República Rodrigo Janot; os delegados e os procuradores da força-tarefa da Lava Jato; o juiz Sérgio Moro, que remeteu os dados para Brasília; e até o ministro Teori Zavascki, que abriu o inquérito no STF. Como se fosse pouco, exige-se agora que a Promotoria da Suíça também seja incluída no rol dos conspiradores.

Cunha foi muito aplaudido na CPI. Mais: afagaram-no com rasgados elogios. Pior: concederam-lhe um atestado prévio de bons antecedentes. O líder do PSDB, Carlos Sampaio, talvez se arrependa do comentário que dirigiu a Cunha naquele fatídico dia 12 de março: “Vossa excelência não perde em momento nenhum a autoridade para presidir essa Casa.'' (Desculpem, eu tive que rir).

A autoridade de Eduardo Cunha, que já era de vidro, se quebrou. Ao converter uma CPI de fancaria em palco do seu “depoimento espontâneo”, o morubixaba da Câmara esqueceu de observar um velho ensinamento atribuído a Tancredo Neves: “A esperteza, quando é muita, engole o dono.” Até aqui, a banda muda da Câmara passava por cúmplice. Agora, passa também por otária. Fonte: Blog: http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/.

QUESTIONAMENTOS: Algumas perguntas devem ser feitas acerca do Deputado Federal Eduardo Cunha (PMDB):

a) Por que, dos 510 deputados Federais, apenas 35 parlamentares assinaram um pedido de afastamento cautelar de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara?

b) Como pode uma pessoa com 22 processos do STF, seja como autor seja como réu, sendo que, entre eles, três inquéritos que apuram possíveis crimes cometidos por Cunha na época em que foi presidente da  Companhia de Habitação do Estado do Rio de Janeiro (CEHB-RJ), entre 1999 e 2000, em que as denúncias vão desde falsificação de documentos até manipulação de licitações, tem condições de estar da 3ª linha de sucessão da presidência da república?

c) Por que ainda não se pediu a cassação do seu mandato  por quebra de decoro parlamentar, tendo em vista que o “nobre deputado” mentiu e omitiu patrimônio, especificamente conta no exterior (Suíça)? 

d) Será que ele lidera uma maioria corrupta de Deputados Federais (entre 300 e 400 achacadores) como afirma o Ex-Ministro e Governador do CE Ciro Gomes? Quem banca (R$) esses deputados e suas campanhas milionárias?

e) Por que a “grande mídia” não dá ênfase aos maus feitos do Presidente da Câmara?

f) A quem interessa a permanência de Eduardo Cunha na Presidência da Câmara dos Deputados?

Para reflexão (...)

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Cosme Júnior